Chi no Wadachi: uma mãe super possessiva e um filho absurdamente alienado

Eis aqui uma resenha que geralmente não traria, já que se trata de uma obra absurdamente perturbadora. Estamos falando de Chi no Wadachi, um mangá de Oshimi Shuzo. Não me aprofundando muito, pude chegar a conclusão de que esse mangaká é conhecido por escrever histórias com esse viés aterrorizante. Uma das obras mais famosas dele é Happiness, que discorre sob a perspectiva de um horror insano também. Ainda não sei exatamente o porquê de ter começado a ler esta história, já que não atende muito às minhas categorias favoritas em um mangá, mas já que estamos aqui, “tá na chuva é para se molhar”.

A vida “normal” e cotidiana de uma mãe e seu querido filho

Perceberam que o normal descrito no tópico está entre aspas? Isso se dá pela relação extremamente abusiva entre ambos. A história discorre sobre a vida de uma família normal do cenário japonês e também em geral. Um pai atencioso, uma mãe cuidadosa e um filho unigênito muito amado pelos dois. Até aí tudo bem, a história parece normal. Tudo muda quando começamos a nos aprofundar mais na vida de Seiko Osabe e Seiichi Osabe. Mãe e filho.

Compreender que uma mãe se importa com seu filho e deseja sempre o melhor para ele é fundamental, mas e quando essa lógica não parece ter um delimitador? É exatamente isso que acontece nessa história: uma mãe super protetora que faz absolutamente tudo pelo seu filho. E como o mangaká é expert no quesito horror e dramatização, cada feição dos personagens, cada traço passa um feeling intenso e profundo.

O transtorno de personalidade da mãe e a monotonia do filho

Enquanto temos uma mãe que deseja a todo custo proteger seu filho de tudo e de todos, temos um garoto que aparentemente não consegue pensar por conta própria. Seus impulsos e motivações são derivados de atitudes de sua mãe. Em muitos momentos ele sabe a coisa certa a se fazer e também a que não se deve fazer, mas a teoria e a prática não se batem.

Além de ser uma mãe “cuidadosa”, ela também aparenta sofrer de bipolaridade. Isso é bastante retratado nas cenas em que são expressas atitudes e também nos traços do rosto da mulher, que evidenciam claramente a confusão mental na qual ela se encontra. Para elucidar esta questão para vocês, abaixo, no próximo tópico, discorrerei sobre o primeiro incidente caótico da história e em toda a atmosfera bizarra que é construída a partir disso.

O passeio em família nas montanhas que terminou em pesadelo

Após muito tempo sem se falarem e manterem muito contato, um reencontro entre família aflora um desejo de proximidade. Para concretizar este desejo, ambas as famílias decidem sair para um passeio às montanhas. Neste contexto, os personagens mais importantes são Seiichi, Seiko e Shigeru, o primo de Seiichi, (caso não esteja equivocado). Tudo parecia razoavelmente tranquilo e pacífico.

O desandar aconteceu quando Shigeru tentou pregar uma peça em Seiichi, o colocando a beira de um precipício. Isso fez todas ali morrerem de rir, exceto por uma pessoa, Seiko, a mãe de Seiichi. Ela não gostou nada disso e imediatamente, quase que como um impulso, se jogou para salvar seu filho do abismo. Aquilo a irritou profundamente.

Cenas subsequentes, quando Seiichi e Shigeru estavam a sós, novamente perto a um precipício, Shigeru instigou Seiichi a se aproximar e brincar com ele, mas Seiichi se negou. Logo atrás dele, Seiko imerge subitamente do nada, dando um ar aterrorizante. Foi quando Shigeru se desequilibra e quase cai do penhasco, mas é salvo foi Seiko, que logo após salvá-lo, o joga morro abaixo sem nenhuma piedade. Após os familiares chegarem e entenderem o que havia acontecido, Seiko se faz de coitada, vendendo um pseudo discurso de que havia tentando o possível para salvá-lo, mas Seiichi sabia que nada daquilo era verdade. E assim temos o primeiro evento bizarro nesta história. O que surge depois, nada mais é do que caos e mais perturbação.

Considerações finais

Como supracitado, não é meu gênero favorito, mas que também acaba sendo interessante para fins de conhecimento de novas categorias. Para quem é chegado a um drama, é uma boa opção. Os traços são bem trabalhados e muito enfáticos, dizendo, às vezes, mais do que os próprios diálogos. Se você, assim como eu, não curte muito essas histórias, a recomendação que dou é a que eu comentei acima: para fins de conhecimento, afinal novas e variadas histórias nunca são demais.

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